Crise Relacional e o Futuro do Trabalho
Como construir um Futuro organizacional sem Pessoas?
Recentemente ouvi um palestrante que falava sobre o “vazio dos espaços”. Durante sua apresentação ele mencionou o escritor Edward Osborne Wilson, que em seu livro “Naturalista” nos relembra da magnífica habilidade que temos quando crianças de nos render completamente a algo, que estamos vendo ou fazendo, nos esquecendo de tudo que está ao nosso redor, do tempo e de nós mesmos. Além de termos a percepção de que tudo aquilo que vemos é duas vezes maior do que realmente é.
Você se lembra dos sentimentos que o envolveram nesses momentos da sua vida?
Ao viajar pela minha história entendi que foram nesses episódios de entrega total que eu (uma criança) descobri a minha vocação.
Refletindo sobre essa temática, esbarrei na seguinte informação levantada pela Deloitte: 85% dos trabalhos que existirão em 2030 ainda não foram inventados. O que me fez pensar no ambiente em que crianças e jovens, e também adultos que neste momento questionam a sua carreira, estão vivendo (ou deixando passar) a oportunidade de se entregar completamente àquilo que fazem hoje. De tal modo que eu me pergunto:
Será que enquanto a tecnologia vai automatizando as atividades da nossa rotina, permaneceremos capazes de acessar e desenvolver habilidades focadas na nossa essência humana?
Esse palestrante que falava sobre o “vazio dos espaços” explicava que ele nada mais é do que o reflexo do vazio que existe dentro de nós. E é interessante perceber que com o passar do tempo, com a idade e a experiência profissional, muitas vezes nos deixamos levar pela expectativa de que uma carreira de sucesso (seja qual for a sua definição) possa nos preencher, sem nos dar conta do enorme abismo de desconexão relacional que existe dentro dos ambientes de trabalho.
Um cenário em que perdemos o estímulo de contribuição, a fé e a confiança no futuro (nosso e da empresa), o sentimento de bem estar e aceitação da nossa personalidade, e por fim as motivações morais e as certezas vocacionais que tínhamos para estar ali. Falamos e assistimos diariamente sobre crises políticas, econômicas, ambientais, mas:
Estamos nos esquecendo de discutir a crise relacional e humana, que nos impede de desenvolver pessoas para um Futuro em que o sucesso profissional esteja atrelado a integridade dos valores e emoções, pelos quais a nossa natureza anseia.
Só seremos capazes de envolver pessoas com alto nível de engajamento e produtividade nos projetos que desenharmos para os próximos anos, quando nos permitirmos sair da esfera da mente e do ego para acessar o nosso coração, e o de nossas equipes e clientes, colocando o Relacionamento em primeiro lugar, não apenas na teoria mas na prática. Neste momento encontraremos as soluções e os caminhos que nos levam para a construção de uma cultura organizacional que resiste às crises e às novas circunstâncias que se apresentam a cada ano.
Assim como Edward Osborne Wilson nos lembrou de que as crianças enxergam tudo duas vezes maior do que realmente é:
Nós precisamos enxergar as pessoas e a sua importância dentro das empresas (e das nossas vidas) duas vezes maior, porque de fato são.
Se você chegou até aqui, aproveite e acesse este artigo sobre A importância do Relacionamento com o Cliente.