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Empatia: Um mergulho no desconhecido - Parte II

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Foi pensando em um mergulho no mar que eu me dei conta do salto que eu dei em 2016. Eu sempre conto essa história para as pessoas mais próximas, e hoje resolvi contar para vocês.  

Até pouco tempo atrás eu desvalorizei a minha trajetória. Olhei pra ela como se não houvesse nada de extraordinário. E é interessante perceber que a maioria de nós faz isso com os passos que deu. 

Eu me lembro perfeitamente do dia em que sentei no meu quarto, sozinha, e sem avisar ninguém escrevi a minha carta de demissão. Fui tomada por um mix de medo e muito entusiasmo. Sabia que estava fazendo a coisa certa, mas não tinha ao meu redor nenhuma inspiração pessoal e profissional que me desse a força necessária para não chorar naquele momento.

Filha de um pai que é funcionário público, e de uma mãe que só encontrou oportunidade de fazer aquilo que ama após os 50 anos, pedir demissão era um ato de pular em direção a um abismo. E eu pulei. Com o mesmo frio na barriga de uma criança que corre pra água confiante de que alguém vai segurá-la.

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Na época as pessoas me perguntaram: 

"Que empresa te contratou?"

"Que proposta você recebeu para sair daqui?"

Em um primeiro momento eu pensei: "Como as pessoas são fofoqueiras! Só querem essas respostas para levantar um burburinho."

Vejam, nessa época eu ainda nadava na superfície. 

Levou meses para que eu caísse na água e, no silêncio do meu mergulho, pudesse revisitar aquelas manifestações, que então eu pude reconhecer como admiração. 

As pessoas passam anos dentro de uma mesma empresa por N motivos. E nadar na direção contrária é perder a sua referência, ao mesmo tempo em que você se transforma em uma. 

A especulação sobre o meu pedido de demissão não tinha nada a ver com fofoca, mas com reflexão. Quem estava nos bastidores junto comigo, naquele momento se questionou: 

"Será que estou no palco certo?"

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E eu não me refiro à empresa em que eu trabalhava, mas à dinâmica, à rotina e às motivações que constroem a vida que escolhemos todos os dias ao acordar. 

Não existe empresa certa para trabalharmos.

Existe um porquê, muito forte, que habita os nossos corações enquanto trabalhamos. E, quando estamos em um lugar ou ao lado de pessoas cuja motivação não é a mesma que a nossa, temos duas escolhas: Adotar e ser parte do porquê do outro, ou partir em busca de lugares e pessoas que compartilham do mesmo porquê que nós! 


Nenhuma escolha é melhor que a outra. Nem mais promissora, nem mais assertiva. São escolhas honestas, que assim como as ondas chegam na praia com mais ou menos intensidade, também balançam nossas certezas com mais ou menos força. 

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Só compreendi tudo isso depois de ouvir muitas críticas sobre a minha decisão, e mais tarde vê-la reconhecida e admirada pelas mesmas pessoas que não a apoiaram, ou duvidaram dos resultados positivos que isso traria para a minha vida. 

Eu não fiquei rica, nem tenho uma empresa ou marca reconhecida na dimensão que a maioria das pessoas elegeria como um sucesso. Ainda assim, sou muito bem sucedida:

Quando conto essa história para alguém e essa pessoa se reconecta com o seu porquê, tenho sucesso. 

Quando ajudo uma equipe a se reconhecer uns nos outros, tenho sucesso. 

Quando construo um projeto mais humanizado com um cliente, tenho sucesso. 

Quando acordo e sinto verdadeiramente a vontade de levantar, tenho sucesso. 

E é claro, quando essas ações me trazem retorno financeiro, também tenho sucesso. 

Não é o caminho mais confortável, nem o mais seguro. Nenhum mergulho é! Ainda assim, pulamos e inspiramos outras pessoas a pularem conosco dentro de um oceano de possibilidades e oportunidades que só se constrói com aqueles que tem o mesmo fôlego para aprofundar-se na sua própria história, e através dela comover, do dicionário: mover fortemente, outras histórias. 

Eu tenho a alegria de dizer que faço isso através do meu propósito. Qual é o seu?

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Flávia Maciel